No símbolo universal do poder, a águia representa força, coragem, longevidade e assertividade – predicados que fizeram dela a estampa do brasão da nação norte-americana. Distante do panteão das aves de rapina, o simpático pato sempre foi desprezado em suas incursões pela literatura e se transformou na personificação da ingenuidade. O pato também é sinônimo daquele que tenta se destacar de alguma forma, sem dominar nenhuma modalidade. Na corrida por novos mercados, algumas empresas acabam agindo como o pato, tentando, sem sucesso, estender sua capacidade para áreas que fogem da sua expertise. O resultado é frustrante, já que não se conquista representação sem o conhecimento profundo das competências.
Mas em meio à efervescência da transformação digital, empresas bem-sucedidas conseguiram entender que a colaboração não é apenas mais uma alternativa de sobrevivência e sim uma necessidade de desenvolvimento.
Algumas grandes companhias entenderam bem as novas regras do jogo. Criaram plataformas de colaboração dando oportunidade ao novo olhar sobre os modelos de negócios das empresas. Propondo uma colaboração “ganha-ganha” ao conectar pequenas iniciativas de forma sinérgica.
Com isso, ganharam força para resolver problemas que fogem do escopo tradicional e para criar novos negócios a partir da reformulação dos modelos anteriores.
No caso das startups, a participação colaborativa é uma solução genial. Empresas desse porte muitas vezes se encontram limitadas por não terem os recursos necessários, serviços de apoio, equipe ou tempo para resolver problemas.
Nesse caso, iniciativas de colaboração ajudam a criar ecossistemas de especialistas que atuam em objetivos comuns, como oferecer melhores experiências ao consumidor ou resolver “dores” de determinados segmentos de negócios para desenvolver novos nichos.
Capitalizar conhecimentos é uma tendência que vem conquistando cada vez mais as grandes corporações. Essa inovação, que parte do princípio da colaboração, consiste em pegar emprestada a massa cinzenta de outras companhias e juntá-la com a sua para ganhar uma visão mais ampla do negócio. Como resultado, as organizações conquistam maior penetração em novas áreas.
Outra forma de criar ecossistemas é aliar criatividade aos algoritmos. E, nesse sentido, as plataformas tecnológicas são as melhores ferramentas para representar essa realidade.
Basta confirmar pela lista das dez maiores empresas em valor de mercado na bolsa de Nova York. Quatro delas têm seu negócio baseado em plataformas que geram valor na medida em que são usadas por mais pessoas.
Também conhecido como uma rede de canais especialistas, um ecossistema baseado em uma plataforma eletrônica pode, ainda, gerar oportunidades para profissionais ou empresas com foco em uma ou mais categorias de compra.
Dessa forma, companhias do setor siderúrgico, por exemplo, podem se tornar especialistas em insumos diretos e indiretos dessa indústria para, entre outras iniciativas, desenvolver fornecedores e catálogos que façam sentido para atender à demanda da área.
O poder de interconexão dessas plataformas é tão grande que aproxima concorrentes para complementarem a oferta um do outro.
Querendo ou não, em um futuro breve, a maioria dos processos serão automatizados por essas plataformas. É o que aponta o estudo recente realizado por pesquisadores de Oxford e Yale. Segundo a pesquisa, até 2051 todos os ofícios humanos serão substituídos pela inteligência artificial.
O que pode causar alarde deve, na verdade, ser encarado como prioridade para mudarmos, ainda que aos poucos, a nossa relação com os novos modelos de negócio.
E o melhor caminho para isso é uma reinvenção da realidade como a conhecemos hoje para gerar relações equilibradas, entre empresas, colaboradores e terceiros, com ganhos mútuos sustentáveis.
Por Carlos Viali, consultor do Mercado Eletrônico